Contos de Grimm
Os Contos de Fadas dos Irmãos Grimm, originalmente compilados por Jacob e Wilhelm Grimm, são uma coleção de contos populares atemporais que encantam leitores há séculos. Estes contos são um verdadeiro tesouro de folclore, apresentando histórias de coragem, magia e moralidade que ressoam através das gerações. Desde clássicos como ”Cinderela”, ”Branca de Neve” e ”João e Maria”, até joias menos conhecidas como ”O Pescador e sua Mulher” e ”Rumpelstiltskin”, cada história oferece um vislumbre do rico tecido da tradição oral europeia. Os Contos de Fadas dos Grimm são caracterizados por seus personagens vívidos, lições morais e frequentemente tons sombrios, refletindo as duras realidades e os elementos fantásticos de seus contextos históricos. Seu apelo duradouro reside em sua capacidade de entreter, ensinar e inspirar maravilha, tornando-os um alicerce da literatura infantil e uma fonte de fascínio para estudiosos do folclore e da narrativa.
Episodes
Wednesday Aug 14, 2024
Wednesday Aug 14, 2024
Era uma vez três mulheres que tinham sido transformadas em flores e estavam no meio de um campo; uma delas porém, podia passar a noite em casa.Um dia, ao amanhecer, no momento de voltar para junto das companheiras e transformar-se em flor, ela disse ao marido:- Se hoje pela manhã fores ao campo colher-me, ficarei livre e poderei ficar sempre contigo.E assim sucedeu. Pergunta-se, como é que o marido pôde reconhecê-la se as três flores eram exatamente iguais, sem nenhuma diferença?Resposta: como esta tivesse passado a noite em casa e não no campo, o orvalho não caiu sobre ela como nas outras. Foi por isso que o marido a reconheceu.Este episódio é-lhe oferecido por Podbean.com.
Wednesday Aug 14, 2024
Wednesday Aug 14, 2024
Vou contar-vos uma história. Um dia, vi duas galinhas assadas voando; voaram bem depressa com as barrigas viradas para o céu e as costas para o inferno. E havia uma bigorna com uma mó, as duas nadando bem calmamente sobre o Reno; e vi uma rã sentada sobre a neve, no dia de Pentecostes, comendo a relha de um arado.E lá estavam três compadres perseguindo uma lebre: todos três andavam de muletas; o primeiro era surdo, o segundo era cego, o terceiro era mudo e o quarto tinha um pé encolhido. Quereis saber o que aconteceu? Foi o cego quem primeiro viu a lebre correndo pelo campo, foi o mudo quem chamou o paralítico e foi o paralítico quem a agarrou pelo pescoço.Uns indivíduos que estavam lá queriam navegar em terra firme, soltaram as velas e navegaram pelos vastos campos; depois navegaram sobre o topo de uma montanha e aí se afogaram miseravelmente.Um caranguejo estava perseguindo uma lebre em fuga e uma vaca tinha trepado, pelo cano d'água, até em cima do telhado. E naquele país o moscão é bem maior do que o nosso bode.Agora abre a janela para que as mentiras possam sair.Este episódio é-lhe oferecido por Podbean.com.
Wednesday Aug 14, 2024
Wednesday Aug 14, 2024
Naqueles bons tempos em que havia abundância de coisas no país do Arco-da-Velha, passeando por lá, eu vi dependurados num fio de seda Roma e Latrão, e um homem sem pés correndo num campo, mais do que um cavalo veloz como o relâmpago; depois vi uma espada sem fio que, de um só golpe, cortou uma ponte pelo meio. E vi um pequeno asno e, quem o diria! todo de prata tinha o nariz, o qual estava perseguindo duas rápidas lebres na margem da estrada. Depois vi uma planta de tília, alta e grande, que produzia tortas quentes. Também vi uma cabra mirrada, que tinha no corpo cem carradas de toucinho e mais sessenta de sal, fazendo ao todo cento e sessenta carradas. Não é mentira bastante?Pois bem, vi ainda um arado que arava a terra sem bois nem cavalos; e uma criança de um ano jogar quatro mós de moinho de uma cidade para outra e com tanta força que chegaram até Estrasburgo. E vi um gavião nadando no Reno com grande contentamento; e tinha razão.Depois ouvi os peixes, dentro do rio, fazendo tal barulho que ecoava até no céu; e um mel doce escorrendo feito água de um profundo vale até ao cume de uma montanha. Eram bem esquisitas todas estas coisas, não há dúvida.Havia ainda duas gralhas ceifando um campo de trigo, dois mosquitos construindo uma ponte e duas pombas que estavam esmigalhando um lobo; depois vi dois cabritinhos filhos de duas crianças. Fora do brejo, vi dois sapos socando o grão. E vi, também, dois ratos consagrando um bispo e dois gatos arrancando a língua de um urso.Chegou correndo uma lesma e matou dois leões ferozes. Vi um barbeiro barbeando uma mulher e dois recém-nascidos mandando as mães calarem a boca. Vi também, dois galgos tirarem do rio um moinho e uma velha égua, que estava aí perto, dizer que faziam muito bem.Num terreiro havia quatro cavalos debulhando milho com grande ligeireza e duas cabras acendendo o forno, enquanto uma vaca vermelha enfornava o pão.E uma galinha cantou Kikirikiki; a história acabou aqui, Kikirikiki!Este episódio é-lhe oferecido por Podbean.com.
Wednesday Aug 14, 2024
Wednesday Aug 14, 2024
Houve, uma vez, um pardal que tinha quatro filhotes, num ninho de andorinha. Suas asas mal se tinham coberto de penas e eles, temerariamente, achavam que já podiam voar; alçaram voo e foram-se, levados pelo vento, sempre direitos e sem cair.O pai ficou muito amargurado e queixava-se que os filhos o tinham abandonado, antes que ele pudesse, aconselhá-los e ensiná-los como se precaverem contra as ciladas e perigos do mundo.Assim que chegou o outono, muitos pardais se reuniram em bandos num campo de trigo. O pai encontrou entre eles os quatro filhos; então, muito feliz e satisfeito, reconduziu-os para casa.- Ah, meus queridos filhos, que terríveis preocupações me causastes neste verão! Por quê saístes assim ao vento, sem nada me dizer? Escutai bem as minhas palavras, sede obedientes a vosso pai e tende muito cuidado. Pássaros pequeninos, como vós, estão sujeitos a graves riscos!Dirigindo-se ao filho mais velho, perguntou-lhe onde havia passado o verão e de que se havia nutrido.- Eu permaneci sempre nos jardins, catando larvas e insetos, enquanto não amadureceram as cerejas.- Ah, meu filho! - disse o pai, - a fartura é uma coisa boa, mas é também perigosa; portanto, procura ter o máximo cuidado daqui por diante, especialmente quando certa gente anda pelos jardins munida de longas taquaras verdes, ocas por dentro e com um buraquinho- Sim, meu pai; mas se no buraquinho da taquara tiver uma folhinha verde grudada com cera? - perguntou o filho.- Onde viste isso, meu filho?- No jardim de um negociante, - respondeu o filho.- Oh, meu filho! Quem diz negociante diz tratante. Se estiveste entre pessoas da sociedade, terás aprendido a diplomacia; procura fazer bom uso dela, mas não confies demasiado em ti próprio.Em seguida, dirigindo-se ao segundo filho:- E tu, onde estiveste?- Eu estive na corte! - respondeu este.- Pardais e outros pássaros inexperientes não ficam bem nesses lugares, onde só há ouro, veludos, sedas, armas e couraças, gaviões, corujas e falcões; para vós o melhor lugar é perto das estrebarias. Ali sempre esparramam alguma aveia e se bate o grão; portanto, pode-se viver em paz e comer o grãozinho quotidiano sem perigo.- Sim, meu pai! - disse o filho, - mas se os criados das cavalariças armam arapucas e escondem laços e armadilhas no meio da palha, muitos passarinhos ficam lá presos!- Onde viste isso? - perguntou o velho pardal.- Na corte; justamente entre os cavalariços.- Ah, meu filho, quem diz cortesão diz alma tortuosa. Se na corte estiveste com os fidalgos, sem teres perdido nem uma pena, então aprendeste o bastante para te defenderes na vida. Mas não deixes de olhar bem em volta de ti; pois, muitas vezes, os lobos comem até mesmo os cãezinhos espertos!O pai chamou o terceiro filho e perguntou-lhe:- Onde é que foste tentar a sorte?- Pelas estradas e caminhos; remexendo a terra e os buraquinhos, sempre encontrei o meu grãozinho.- É sem dúvida um bom alimento, - disse o pai, - todavia, fica bem atento e olha para todos os lados; principalmente, sé vires alguém abaixar-se para catar uma pedra; não fiques esperando, senão não vais longe.- É verdade, - respondeu o filho, - mas se alguém já tiver a pedra no bolso ou dentro da camisa?- Onde viste isso?- Lá com os mineiros, querido pai; eles sempre levam pedras quando saem com os seus carros.- Artesões e mineiros são cérebros de invenções. Se estiveste com os mineiros, então viste e aprendeste alguma coisa.
- Vai. podes ir; mas fica atento e cauteloso.pois os mineiros tanto matam o pardal, como o astucioso!
Por fim, o pai inquiriu o filho caçula:- Tu, meu querido caçula, sempre foste o mais tolo e o mais fraco. Fica comigo, o mundo está cheio de pássaros perversos, de bicos aduncos e garras compridas; nada mais fazem do que armar emboscadas aos pássaros menores para depois devorá-los. Fica pois com os teus semelhantes e contenta-te em apanhar aranhas e larvas nas árvores e nas casas; assim viverás feliz muito tempo.- Oh, meu querido pai, quem vive sem causar danos aos outros, pode viver longamente. Não há gavião, abutre, águia ou milhafre que lhe possa fazer mal; principalmente se ele, todas as manhãs e todas as noites, após ter achado honestamente o alimento, se recomenda ao Criador, que criou e sustenta todos os pássaros dos bosques e dos campos e que ouve a oração de todos, até mesmo a dos pequenos corvos; porque, contra a sua vontade, não cai no chão um pardal ou um tico-tico sequer.- Onde aprendeste isso?O filho respondeu:- Quando aquela forte ventania me arrancou do ninho, fui parar numa igreja e lá, durante todo o verão, cacei as moscas e aranhas das janelas, e ouvi pregar essas máximas. O pai de todos os pardais me alimentou durante o verão e me preservou de qualquer desgraça, inclusive dos pássaros vorazes.- Por minha fé! querido filho, se te abrigas nas igrejas e ajudas a exterminar aranhas e moscas, louvando o bom Deus como os pequenos corvos, recomendando- te sempre ao eterno Criador, estarás bem, mesmo que o mundo inteiro esteja repleto de pérfidos pássaros ferozes.
- Recomenda-te ao Senhor,cala, sofre, espera, ora;sê prudente a toda hora,tem fé e tem indulgência,conserva pura a consciência:e terás Deus como Protetor!
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Wednesday Aug 14, 2024
Wednesday Aug 14, 2024
Era uma vez uma moça muito linda, mas preguiçosa e desleixada. Quando a obrigavam a fiar, ficava tão irritada que, em vez de desfazer, pacientemente, os nós que se encontravam no linho, arrancava logo um punhado e jogava-o ao chão, todo emaranhado.Ora, tinha a moça uma criada muito laboriosa e prestimosa, que recolhia o linho posto fora, o desembaraçava e o fiava; depois mandou-a a uma tecelã, que o teceu e fez um lindo vestido.A moça desperdiçada foi pedida em casamento por um jovem distinto, devendo-se, portanto, realizar dentro em breve as bodas.Na véspera da solenidade, a criada diligente dançava muito satisfeita com o belo vestido novo. Então, a noiva disse:
- Que tal essa moça, que aí se dobra,e dança vestindo as minhas sobras?...
Ouvindo isso, o noivo, intrigado, pediu que lhe explicasse o que significava.A noiva, então, lhe explicou que a moça vestia um vestido feito com as sobras do linho que ela rejeitara.O noivo refletiu no que ela disse; então percebeu quanto ela era preguiçosa e desleixada, ao passo que a outra era laboriosa e diligente.Desfez o noivado e, deixando a noiva, foi ter com a prestimosa criadinha e tomou-a por esposa.Este episódio é-lhe oferecido por Podbean.com.
Wednesday Aug 14, 2024
Wednesday Aug 14, 2024
Houve, uma vez, um jovem pastor que desejava casar-se, Ele conhecia três irmãs, tão lindas as três que a escolha entre elas era bem difícil e ele estava sem saber qual devia preferir. Então, dirigiu-se à mãe e pediu-lhe conselho; esta disse-lhe:- Convida as três para virem aqui; oferece-lhes queijo para comer e repara de que maneira o cortam.O rapaz assim fez e viu o seguinte:A mais velha engoliu logo o queijo com casca e tudo; a segunda cortou-lhe a casca, mas fê-lo com tanta pressa que deixou grande parte grudada na casca e jogou tudo fora; a terceira, porém, tirou-lhe a casca de maneira conveniente, nem um pouquinho a mais, nem um pouquinho a menos.O pastor relatou à mãe o que havia notado, e esta disse-lhe:- Casa-te com a terceira.Ele acatou o conselho e viveu muito feliz e contente com ela.Este episódio é-lhe oferecido por Podbean.com.
Wednesday Aug 14, 2024
Wednesday Aug 14, 2024
Certa vez, ao meio-dia, estava uma família reunida à mesa e em sua companhia almoçava um amigo que fora visitá-la.Estavam todos comendo quando soaram as doze badaladas; nesse instante, o hóspede viu abrir-se a porta e entrar um meninozinho pálido como a cera e todo vestido de branco. Sem olhar para nenhum lado e sem dizer uma palavra, o menino entrou e foi diretamente para o quarto vizinho. Daí a pouco, voltou do quarto e saiu, sempre silencioso, pela mesma porta pela qual entrara.No segundo e no terceiro dia, passou-se a mesma coisa. Intrigado com aquilo, o hóspede perguntou ao chefe da família, seu amigo, de quem era aquele belo menino que sempre entrava na sala ao meio-dia em ponto.- Eu não o vi, - respondeu o dono da casa, - e nem posso imaginar quem seja.No dia seguinte, quando o menino surgiu, o hóspede indicou-o ao amigo, mas este não viu coisa alguma: a mãe e os outros filhos também nada viram. Então o hóspede levantou-se, foi até à porta do quarto, entreabriu-a ligeiramente e espiou. Viu lá dentro o menino sentado no chão, escarafunchando nas fendas do assoalho com os dedinhos ágeis; mas, percebendo o estranho que o observava, ele desapareceu.O hóspede então contou o que vira e descreveu exatamente como era a criança. A mãe logo a reconheceu e exclamou:- Ah! É o meu querido filhinho, que faleceu há quatro meses!Levantaram algumas tábuas do assoalho e acharam duas moedas. A mãe então percebeu tudo: eram as moedas que dera certa vez ao menino para que as entregasse a um pobre; ele porém pensara talvez que seria melhor comprar um doce com elas e as escondera nas fendas do assoalho. E devido a isto, não achava paz na sepultura e vinha, todos os dias, justamente ao meio-dia, ver se as encontrava.Os pais deram aquele dinheiro a um pobre e desde esse dia, nunca mais foi visto o menino pálido, vestido de branco.Este episódio é-lhe oferecido por Podbean.com.
Wednesday Aug 14, 2024
Wednesday Aug 14, 2024
Era uma vez uma pobre menina, cujos pais haviam morrido. Era tão pobre, que não tinha nem quarto para morar, nem caminha para dormir; nada mais possuía além da roupa do corpo e um pedacinho de pão, que uma pessoa caridosa lhe havia dado.Contudo, era a menina muito boa e piedosa.Como se achava completamente abandonada de todo o mundo, pôs-se a vaguear de cá e de lá pelos campos, confiando-se à guarda do bom Deus.No caminho, encontrou um mendigo, que lhe disse; - Pelo amor de Deus, dá-me alguma coisa para comer! Estou com tanta fome!A menina deu-lhe o pedaço de pão que tinha, dizendo-lho:- Deus te ajude.E continuou o caminho. Logo depois encontrou uma menina que chorava e disse-lhe:- Tenho tanto frio na cabeça! Dá-me alguma coisa para cobrir-me.Ela tirou, prontamente, o gorro e deu-lho.Pouco mais adiante, encontrou outra menina que estava transida de frio e não tinha sequer um jalequinho para se agasalhar. Ela despiu o seu e entregou-lho. Finalmente, mais além, outra menina pediu-lhe a saia; ela imediatamente deu-lhe a sua.Por fim, chegou a um bosque e já caía a noite; aproximou-se-lhe outra menina e lhe pediu a camisinha; a boa criatura pensou:- E' já noite escura, ninguém me verá. Portanto, posso bem dar-lhe a minha camisa.Despiu-a e entregou-lha.Depois de ficar sem nada, sem um farrapo no corpo, ficou lá no bosque muito sozinha. Mas, no mesmo instante, as estreias do céu puseram-se a cair, e ela viu, com assombro, que eram lindas moedas reluzentes.E, embora ela se tivesse despojado da sua camisinha, tinha uma completamente nova, de finíssima cambraia a cobrir-lhe o corpo. Então, apanhou e recolheu nela as lindas moedas e ficou rica para o resto da vida.Este episódio é-lhe oferecido por Podbean.com.
Wednesday Aug 14, 2024
Wednesday Aug 14, 2024
Houve, uma vez, um pastorzinho, que se tornara famoso em toda redondeza pelas sábias respostas que dava a qualquer pergunta.Até mesmo o rei ouviu falar nele e, não acreditando no que diziam, mandou chamá-lo à sua presença.- Se souberes responder com acerto às três perguntas que te farei, eu te adotarei como filho e passarás a morar comigo aqui no palácio.- Quais são as perguntas? - disse o rapazinho.O rei perguntou:- A primeira é esta: quantas gotas de água há no mar?O pastorzinho respondeu:- Majestade, mandai fechar todos os rios que desaguam no mar, e eu direi quantas gotas de água há nele.O rei continuou:- A segunda pergunta é esta: quantas estreias há no céu?O pastorzinho respondeu:- Dai-me uma grande folha de papel branco.Depois, com a pena, fez tantos pontinhos sobre o papel que era quase impossível distingui-lo e muito mais impossível contá-los. E disse:- No céu há tantas estreias quantos pontos há neste papel; mandai contá-los.Mas ninguém foi capaz de fazer a conta. O rei tornou a dizer.- A terceira pergunta é: quantos segundos tem a eternidade?- Na Pomerânia oriental há a Montanha de Diamante, que tem uma hora de altura, uma hora de largura e uma hora de profundidade; cada cem anos vai um passarinho afiar o biquinho nela. Ora, quando ele tiver gasto toda a montanha, então terá passado um segundo da eternidade.O rei então exclamou:- Respondeste às minhas perguntas com muita sabedoria; de hoje em diante ficarás morando comigo aqui no castelo e serás adotado por mim como filho.E assim foi.Este episódio é-lhe oferecido por Podbean.com.
Wednesday Aug 14, 2024
Wednesday Aug 14, 2024
Certo dia, doze criados, que nada tinham feito durante o dia todo, à tarde também não quiseram fatigar-se; deitaram-se na relva e passaram a vangloriar-se da própria preguiça. E disse o primeiro:- Que me importa a vossa preguiça! A minha própria já me dá bem o que fazer. Cuidar do meu corpo é meu principal trabalho; não como pouco e bebo muito mais. Depois de comer quatro refeições, jejuo um pouco até que me volte a fome outra vez; é isto o que mais me interessa. Levantar cedo não é comigo. Geralmente, aí pelo meio-dia, trato de escolher um bom cantinho para descansar um bocadinho. Se, por acaso, o patrão me chama, finjo que não ouvi; e, se torna a chamar levo um tempo enorme para me levantar e depois vou indo lentamente; acho que, só assim, a vida é mais ou menos suportável.O segundo disse:- Eu tenho por obrigação tratar de um cavalo; mas deixo-lhe ficar o freio na boca e, se tenho vontade dou- lhe comida, senão não lhe dou nada e digo que já comeu. Enquanto isso, deito-me na caixa da cevada e durmo umas quatro horas. Depois, espicho uma perna e passo-a algumas vezes no cavalo e, com isso, está raspado e lustrado; quem pode dizer alguma coisa? Contudo, acho que este trabalho é muito penoso para mim.O terceiro disse:- Para quê amofinar-se com trabalho? Não se tira nenhum proveito! Vejam, deitei-me ao sol para dormir; logo começou a chover; mas para que havia de levantar-me? Deixei que a chuva caísse em santa paz. Mas logo o aguaceiro foi tão forte que até me arrancou os cabelos da cabeça e os carregou na enxurrada; e eu fiquei com belo buraco no cocuruto. Grudei um emplastro e assim tapei o buraco. Acidentes desta espécie já os tive muitos!O quarto disse:- Sempre que tenho de começar algum trabalho, cochilo um pouco, antes, a fim de poupar as forças. Depois começo-o com a maior calma do mundo e pergunto se há alguém para me ajudar. Quando vem alguém, deixo-lhe o serviço mais pesado e eu me limito apenas a olhar. Todavia, acho que mesmo isto é demasiado paraO quinto disse:- Grande coisa! Pensem um pouco: eu tenho de retirar o estrume da cocheira e jogá-lo em cima da carroça. Ponho-me bem lentamente e, quando juntei um pouco com o forcado, suspendo-o até ao meio do caminho; aí descanso um bom quarto de hora para depois jogá-lo dentro da carroça. Levar uma carroça de estrume por dia, é demasiado para mim! Não tenho vontade alguma de me matar com trabalho.O sexto disse:- Ê uma vergonha! Quanto a mim, não há trabalho que me assuste; eu, porém, deito-me durante três semanas, sem mesmo tirar a roupa. E para que descalçar os sapatos? Por mim, eles podem cair-me dos pés que pouco me importo! Se preciso subir uma escada, ponho lentamente um pé e depois o outro no primeiro degrau, e paro para contar os que ainda restam a fim de saber em qual deles devo descansar.O sétimo disse:- Comigo isso não vai; meu patrão tem a mania de fiscalizar o trabalho; só que ele não para em casa o dia inteiro. Contudo, não descuido de coisa alguma, corro sempre, tanto quando possa correr uma lesma. Para que eu me mova, é preciso que quatro homens bem robustos me empurrem com toda a força. Uma vez, fui parar num banco onde se achavam seis fulanos dormindo um ao lado do outro; pois bem, juntei-me a eles e dormi também. Ninguém conseguia despertar-me e, se quiseram ter-me em casa, foi preciso que me carregassem.O oitavo disse:- Pelo que parece, o mais esperto de todos sou eu. Se topo com uma pedra no caminho, não me dou ao trabalho de levantar a perna para passar por cima; deito- me ao pé dela, mesmo que esteja todo molhado, sujo e cheio de lama, e fico lá estendido até o sol me enxugar; quando muito, viro-me para o outro lado a fim de me enxugar melhor.O nono disse:- Grande vantagem! Hoje havia um pedaço de pão na minha frente, mas tive preguiça de pegá-lo; pouco faltou para que eu morresse de fome. Havia, também, um jarro ao lado, mas era grande e pesado; faltou-me vontade de erguê-lo para beber e preferi ficar com sede. Para mim, até virar-me de lado já é sacrifício. Portanto, fiquei lá estendido o tempo todo, feito um pau.O décimo disse:- A mim, a preguiça causou sérios aborrecimentos, inclusive o de ter uma perna quebrada e a ontra inchada. Estávamos em três, todos deitados numa estrada; eu esticara as pernas para descansar melhor; nisso chegou alguém com um carro e as rodas passaram-me em cima delas, esmagando-as. Na verdade, eu poderia ter retirado as pernas, mas não ouvi chegar o carro. Além disso, os mosquitos zumbiam-me nos ouvidos, entravam-me pelo nariz e saiam-me pela boca; mas quem se dá ao trabalho de enxotar insetos?O undécimo disse:- Ontem abandonei o emprego. Eu não tinha nenhuma vontade de carregar os pesados livros para meu patrão, de lá e de cá o dia inteiro! Mas, para falar a verdade, foi o patrão quem me despediu, pois não quis mais ficar comigo, porque eu deixara as roupas no meio do pó, até ficarem completamente roídas pelas traças. Nada havia a dizer!O décimo segundo disse:- Hoje tive de ir ao campo com o carro. Pois deitei-me na palha em cima dele e adormeci profundamente. As rédeas caíram-me das mãos e, quando acordei, o cavalo já ia fugir; os arreios, o selim, a coleira, o freio e o cabresto haviam desaparecido. Alguém passara por lá e os roubara. Depois disto o carro caiu num atoleiro e não queria sair. Deixei-o ficar e deitei-me, novamente, na palha para dormir. Foi preciso vir meu patrão para tirar o carro do atoleiro. E se não fosse por ele, agora eu não estaria aqui: estaria ainda deitado na palha a dormir sossegadamente.Este episódio é-lhe oferecido por Podbean.com.
Wednesday Aug 14, 2024
Wednesday Aug 14, 2024
Houve, uma vez, um rei que tinha três filhos, aos quais amava, igualmente, com a mesma ternura; por isso não sabia a qual deles nomear para sucessor quando viesse a falecer.Um dia, sentindo que a vida chegava ao fim, chamou os três para junto do leito e disse:- Tenho pensado muito em vós e há uma coisa que desejo dizer-vos: quero deixar o reino ao que dos três for mais preguiçoso, assim que eu morrer.O mais velho, então, disso:- Meu pai, o reino cabe a mim; pois sou tão preguiçoso que, se me deito para dormir e porventura me cai uma gota nos olhos, não tenho vontade de fechá-los para dormir.O segundo, por sua vez, disse:- Meu pai, o reino cabe a mim; pois sou tão preguiçoso que, quando estou sentado perto do fogo para me aquecer, deixo queimar as plantas dos pés antes que me dar ao trabalho de puxar as pernas.O terceiro acrescentou:- Meu pai, o reino me pertence; pois sou tão preguiçoso que, se estivesse para ser enforcado, já com a corda no pescoço, e alguém me colocasse uma faca na mão para cortá-la, eu preferiria morrer enforcado antes que levantar a mão para cortar a corda.Ouvindo isso, o rei exclamou:- Tua preguiça chegou ao máximo; portanto serás tu o rei.Este episódio é-lhe oferecido por Podbean.com.
Wednesday Aug 14, 2024
Wednesday Aug 14, 2024
Era uma vez uma mulher velha, mas tu tens visto de certeza uma velha ir a-implorando antes? Esta mulher pediu o mesmo, e quando ela chegou em qualquer coisa que ela disse: "Que Deus o recompensará." A mendiga veio até a porta, e não pelo fogo um ladino amigável de um menino estava em pé, aquecendo-se. O menino disse gentilmente para a pobre mulher velha como ela estava tremendo, assim, ao lado da porta, "Vem, mãe de idade, e aquecer-se."
Ela entrou, mas ficou muito perto do fogo, de modo que seus velhos trapos começou a queimar, e ela não estava ciente disso. O menino se levantou e viu que, mas ele deveria ter apagar as chamas. Não é verdade que ele deveria ter colocá-los fora? E se ele não tinha qualquer água, então ele deve ter chorado toda a água em seu corpo para fora de seus olhos, e que teria fornecido duas correntes bonitas com as quais a extingui-los.Este episódio é-lhe oferecido por Podbean.com.
Wednesday Aug 14, 2024
Wednesday Aug 14, 2024
Certa ocasião, um velho bruxo estava realizando magias numa praça, em meio a um grande aglomerado de gente. E mandou que um galo avançasse para o centro; este, muito solenemente, avançou erguendo uma trave grossa e carregando-a como se fosse uma pluma.Mas, no meio do povo estava uma moça que acabara de achar um trevo de quatro folhas; e se tornara tão esperta que, diante dela, magia alguma produzia efeito. Ela, pois, percebeu logo que a grossa trave não passava de uma palha; então gritou:- Minha gente, não estais vendo? Aquilo que o galo carrega com tanta facilidade não é uma trave, mas simplesmente uma palha.No mesmo instante cessou a magia; o povo ficou sabendo que tipo de bruxo era aquele e enxotaram-no como se fosse um cão. Ele, porém, disse, encolerizado: - Eu me vingarei!Passou-se algum tempo e chegou o dia do casamento da moça. Ela, toda ataviada, vinha pelos campos, acompanhada de grande cortejo; dirigiam-se todos à aldeia onde estava a igreja, para a bênção nupcial.De repente, chegaram à margem de um regato que enchera muito, quase a transbordar, e não havia ponte nem prancha alguma para atravessá-lo. Então, muito decidida, a noiva suspendeu as vestes e tentou atravessá-lo a vau. Mal, porém, entrou na água, um homem a seu lado, o qual outro não era senão o próprio bruxo, disse ironicamente: - Onde estás com os olhos, para julgar que isto é água?Então se lhe abriram os olhos e ela viu-se, com a roupa toda erguida, em pleno campo de linho, todo florido de azul.Os convidados também viram; então caíram na gargalhada, zombando tanto dela, que a coitada foi obrigada a fugir.Este episódio é-lhe oferecido por Podbean.com.
Wednesday Aug 14, 2024
Wednesday Aug 14, 2024
Deus Nosso Senhor já havia criado todos os animais e escolhera os lobos para que lhe servissem de cães; mas havia esquecido de criar o bode.Então o Diabo, querendo também criar alguma coisa, pôs toda a sua vontade e criou os bodes, com longos rabos fininhos.Geralmente, quando estes iam pastar, emaranhavam os rabos nas cercas de espinhos e o diabo era obrigado a correr e, com muito trabalho, tirá-los de apuros. Tantas vezes o fez, que por fim se irritou; agarrou os bodes, um após outro, e com uma dentada, cortou-lhes o rabo, deixando-lhes apenas um toquinho, como ainda se pode ver.Depois disso, deixava-os a pastar por conta própria. Aconteceu, porém, que Nosso Senhor os viu roer o tronco de uma árvore frutífera; logo depois, viu-os danificar as preciosas videiras e, mais tarde, viu-os estragar as mais delicadas plantinhas. Isso o aborreceu tanto, que atiçou os lobos contra eles; num abrir e fechar de olhos, os lobos deram cabo dos bodes.Assim que o Diabo tomou conhecimento disto, apresentou-se ao Senhor, dizendo:- As tuas criaturas estraçalharam as minhas.Nosso Senhor respondeu-lhe:- Tu as criaste só para fazerem o mal.O Diabo retorquiu:- É muito natural assim como o meu espírito tende todo para o mal, o que eu criei não podia ser de outra natureza. Mas tens de me pagar, e bem caro.- Sim, pagar-te-i logo que caírem as folhas dos carvalhos; então poderás vir e encontrarás o dinheiro bem contadinho.Quando acabaram de cair as folhas dos carvalhos, o Diabo apareceu e exigiu o saldo de seu crédito. Mas Nosso Senhor disse-lhe:- Numa igreja de Constantinopla, há um carvalho que tem ainda todas as folhas.Enfurecido e praguejando, o Diabo foi a toda pressa procurar o tal carvalho. Vagou de cá e de lá durante seis meses pelo deserto imenso antes de encontrá-lo; por fim, quando regressou, os carvalhos estavam novamente cobertos de lindas folhas.A vista disso, ele teve de renunciar ao seu crédito e, no auge da raiva, vasou os olhos de todos os bodes ainda vivos, substituindo-os pelos seus.Esta é a razão por que todos os bodes têm olhos de Diabo e tocos de rabos. E é também, esta a razão pela qual o Diabo, geralmente, se transforma em bode.Este episódio é-lhe oferecido por Podbean.com.
Wednesday Aug 14, 2024
Wednesday Aug 14, 2024
Naqueles bons tempos, quando Nosso Senhor ainda andava pela terra, parou uma tarde com São Pedro numa ferraria; foi muito bem recebido e deram-lhe pousada com a maior boa vontade.Ora, aconteceu que um mendigo, muito velho e alquebrado , chegou quase no mesmo momento e, entrando na ferraria, pediu uma esmola ao ferreiro. Condoído com a sua aparência, São Pedro voltou-se para Nosso Senhor e disse:- Senhor e Mestre, curai, se voz apraz, os males desse pobre homem, para que ele possa ganhar o pão de cada dia.Nosso Senhor, com infinita doçura, disse ao ferreiro:- Bom homem, empresta-me a tua forja e deita-lhe bastante carvão; eu quero rejuvenescer este velho enfermo.O ferreiro obedeceu prontamente; São Pedro puxou o fole e, quando as chamas se elevaram bem altas, Nosso Senhor pegou o velho, meteu-o na forja, bem no meio das chamas e deixou que se queimasse como um roseiral seco; enquanto isso, o velho entoava louvores a Deus.Depois, tirando-o do fogo, Nosso Senhor enfiou-o na tina, mergulhando-o todo na água; quando viu que estava convenientemente esfriado, deu-lhe a bênção e pronto! O homenzinho saltou da tina belo e formoso, reto e cheio de saúde como se tivesse vinte anos.O ferreiro, de olhos arregalados, contemplava aquilo tudo com muita atenção; depois convidou todo mundo para jantar.Pois bem, o ferreiro tinha uma sogra, que era corcunda e quase cega; esta dirigiu-se ao recém-forjado rapaz e perguntou-lhe, muito seriamente, se o fogo o tinha queimado muito. Não, respondeu o rapaz, que nunca se sentira tão bem; estivera dentro das chamas tão regaladamente como se fosse no mais fresco orvalho.Durante a noite toda, as palavras do jovem soaram aos ouvidos da velha; de manhã bem cedinho, quando Nosso Senhor retomou o caminho, após ter agradecido a hospitalidade, o ferreiro, que também ouvira a conversa ao rapaz, achou que também poderia rejuvenescer a velha sogra, pois tinha prestado bom atenção ao que fizera o Senhor; aliás, em matéria de forjas e foles, ele era bem competente e entendido. Por conseguinte, perguntou à sogra se desejava ficar esbelta e vivaz como uma jovem de dezoito anos.- Desejo-o de todo o coração! - respondeu ela, - visto que o velho se sentiu tão bem!Então o ferreiro acendeu o fogo, puxando o fole até fazer grandes labaredas, e colocou a velha no meio dele; esta começou a pular, a contorcer-se toda, gritando horrendamente.- Cala a boca! Por que gritas e pulas dessa maneira? Espera mais um pouco, que vou puxar o fole e aumentar o fogo!E puxou-o com força. As labaredas queimaram-lhe completamente a roupa e a velha gritava cada vez mais alto. Então, o ferreiro pensou: "Aqui deve haver alguma encrenca!" Tirou a sogra do fogo e mergulhou-a dentro da tina cheia de água. Ela gritava mais desesperadamente ainda e os berros foram ouvidos nos altos da casa. A mulher do ferreiro e sua cunhada desceram correndo as escadas e depararam com a velha urrando dentro da tina, toda encolhida e retorcida, com o rosto completamente engelhado e esgrouvinhado.As duas mulheres, que estavam ambas esperando bebê, assustaram-se tanto que, naquela mesma noite, nasceram-lhes as duas crianças, as quais não tinham aspecto de gente, mas sim de verdadeiros macacos.Os dois macaquinhos fugiram correndo para a floresta e a raça dos macacos descende deles.Este episódio é-lhe oferecido por Podbean.com.
Wednesday Aug 14, 2024
Wednesday Aug 14, 2024
Era uma vez dois irmãos, que serviam ambos como soldados. Um era bastante rico e o outro muito pobre. O pobre, para sair das aperturas, tirou o uniforme e tornou-se camponês.Lavrou e capinou bem o seu pedaço de terra e nela semeou alguns nabos. A semente germinou e brotou viçosa, mas um pé de nabo cresceu mais que os outros, tão grande e exuberante como nunca se vira. Aumentava a olhos vistos e não parava de crescer; estava tão alto que se poderia chamá-lo o rei dos nabos, porque desse tamanho nunca se vira e jamais se verá.Por fim, tornou-se tão grande que por si só enchia todo o carro, e para puxá-lo era necessária uma junta de bois. O camponês não sabia o que fazer com ele; e não podia imaginar se aquilo seria a sua sorte ou desgraça.E consigo mesmo raciocinava: "Se o venderes, quanto poderás ganhar? Comê-lo, também é tolice, pois os nabos pequenos fazem o mesmo proveito; o melhor que tens a fazer e dá-lo de presente ao rei."Se bem pensou, melhor o fez. Carregou o nabo no carro, atrelou a junta de bois, levou-o ao castelo e deu-o de presente o rei.- Que extravagância é esta? - disse o rei admirado: - já vi muitas coisas esquisitas, mas um monstro desta espécie nunca me foi dado ver. De que qualidade de semente terá ele nascido? Ou então, é um prodígio que acontece somente a ti por seres favorito da sorte?- Ah, não, Majestade! Não sou, absolutamente, o favorito da sorte; não passo de um pobre soldado que, não podendo mais aguentar a miséria em que estava, dependurou o uniforme no cabide e se tornou agricultor. Aliás, tenho um irmão que é muito rico; esse Majestade, vós o conheceis. Eu, porém, por ser muito pobre, sou ignorado de todos.O rei apiedou-se dele e disse-lhe:- Pois bem, vou tirar-te da miséria; eu te darei tantas coisas que ficarás tão rico quanto teu irmão.Então deu ao camponês um montão de moedas de ouro, deu-lhe campos, vergéis e rebanhos, tornando-o tão rico que a fortuna do irmão não podia comparar-se à sua.Quando o irmão veio a saber o que lhe rendera um único nabo, ralou-se de inveja e pôs-se a escogitar um meio de conseguir também igual sorte. Na sua pretensão, porém, achou que devia fazer as coisas com maior esperteza; então apresentou ao rei muito ouro e belos cavalos, não duvidando que receberia em troca presente bem maior, pois, se o irmão havia obtido tanto por um simples nabo, quanto não conseguiria ele por todas essas coisas tão preciosas?O rei aceitou o presente. Mas disse-lhe que, em troca, não via coisa melhor e mais rara para dar-lhe, do que o fabuloso nabo. Assim o rico foi obrigado a carregar no carro o nabo gigantesco de seu irmão e levá-lo para casa como. presente do rei.Em casa, não sabia em quem despejar a sua ira e despeito; tão raivoso estava que foi assaltado por maus pensamentos e concebeu um triste projeto. Resolveu matar o irmão. Para levar a efeito esse desígnio, assalariou alguns bandidos, mandando que ficassem de atalaia em determinado lugar. Depois foi à casa do irmão e disse-lhe:- Meu caro irmão, eu sei de um lugar onde há um tesouro oculto; vamos juntos cavar a terra para retirá-lo e depois repartiremos tudo entre nós dois.O irmão aquiesceu; longe de suspeitar qualquer embuste prontificou-se a acompanhá-lo. Saíram de casa, e, quando já estavam longe, os sicários precipitaram-se sobre ele, e depois de o amarrar fortemente, pretendiam enforcá-lo no galho de uma grande árvore. Já se preparavam para fazê-lo quando ecoou ao longe um canto e o patear de cavalo. Os sicários, tomados de susto, meteram a presa dentro de um saco e içaram-no até ao galho da árvore; em seguida, fugiram a toda pressa.Lá em cima onde se achava, o pobre homem tanto fez e mexeu que conseguiu abrir um buraco no saco. Pondo a cabeça para fora, viu que o viandante não era senão um jovem estudante boêmio, o qual montado no cavalo, vinha pela estrada, cantando alegremente, a sua canção. O homem lá de cima, no vê-lo passar, gritou:- Sê bem-vindo! E bons olhos te vejam.O estudante olhou para todos os lados, sem atinar de onde provinha aquela voz; enfim, perguntou alto:- Quem me está chamando?Do alto da árvore, o outro respondeu:- Ergue os olhos! Estou aqui no alto, dentro do saco da sabedoria. Em curto espaço de tempo, aprendi aqui tais coisas que, comparando-Se a elas, o que se ensina em todas as escolas não passa de ninharia. Daqui a pouco terei aprendido tudo o que quiser. Então descerei e serei o homem mais sábio do mundo. Já conheço as constelações e os signos do céu, o soprar dos ventos, a areia do mar, a cura das enfermidades, a virtude das ervas, dos pássaros e das plantas. Se estivesses aqui dentro, tu também sentirias os eflúvios maravilhosos que se desprendem deste saco da ciência!Ouvindo tais coisas, o estudante ficou maravilhado e disse:- Bendita seja a hora em que te encontrei! Não poderia subir também e entrar no saco da sabedoria?Como que a contragosto, o de lá de cima respondeu:- Pedindo e rogando, poderás subir um pouquinho; mas tens de esperar ainda uma hora; pois falta-me ainda aprender uma coisa.Depois de esperar certo tempo, o estudante cansou-se e pediu que o deixasse entrar no saco, porquanto a sua sede de saber era deveras grande. Então o de cima fingiu aquiescer.- Para que eu possa sair da casa da sabedoria, tens de soltar a corda e descer o saco; assim, saindo eu, entraras tu.O estudante soltou a corda, desamarrou o saco e libertou o homem, dizendo:- Anda depressa; agora, suspende-me.E estava para entrar de pé no saco.- Alto lá! - disse o outro, - assim não vai.Agarrou-o pela cabeça, meteu-o dentre de pernas para o ar, amarrou bem a boca do saco e com a corda içou o faminto discípulo da sabedoria; deixou que balouçasse um pouco no ar, depois disse:- Como estás, companheiro? Acho que já começas a sentir como vem a sabedoria; é uma ótima experiência, verás! fica aí quietinho até que te tornes mais esperto.Em seguida, montou no cavalo do estudante e foi-se embora.Mas, uma hora, mais tarde, mandou alguém para tirar o estudante de lá e entregar-lhe o cavalo.Este episódio é-lhe oferecido por Podbean.com.
Wednesday Aug 14, 2024
Wednesday Aug 14, 2024
Houve, uma vez, um homem que estava sentado diante da porta com a mulher. Tinham eles um frango assado e aprontavam-se para comê-lo regaladamente.Nisso, o homem viu que seu velho pai vinha chegando e, mais que depressa, tratou de esconder o prato com o frango, para não ter que o dividir com o pai.O velho entrou, bebeu um trago e retirou-se. Então o filho foi buscar o prato para levá-lo à mesa, porém quando pegou no prato, o frango assado tinha-se transformado num grande sapo, que lhe saltou no rosto e aí agarrou-se para sempre.Quando alguém tentava tirá-lo, a sapo tornava-se tão ameaçador como se quisesse pular-lhe no rosto e ninguém se atrevia a tocá-lo.O filho ingrato foi obrigado a alimentar aquele sapo todos os dias, senão ele lhe devoraria o rosto.E assim, passou o resto de seus dias errando miseravelmente, com o sapo grudado no rosto, sem encontrar sossego.Esse foi o castigo pela ingratidão negra que tivera para com o pai.Este episódio é-lhe oferecido por Podbean.com.
Wednesday Aug 14, 2024
Wednesday Aug 14, 2024
Houve, uma vez, um rei e uma rainha imensamente ricos, que possuíam tudo o que desejavam, só não tinham filhos.A rainha lamentava-se dia e noite, dizendo sempre: "Sou como um terreno estéril, que não produz nada."Finalmente, o bom Deus apiedou-se dela e realizou a sua aspiração; ela notou que teria um filho e ficou muito contente. Mas, quando a criança veio ao mundo, qual não foi o seu espanto ao ver que ela não tinha aspecto humano e sim o aspecto de um burrinho!Então a rainha passou a lastimar-se mais ainda, dizendo que antes preferia não ter filho algum do que ter esse burrinho. Mandou que o jogassem na água para que os peixes o devorassem, pois não queria mais vê-lo. O rei, porém, exclamou:- Não; isso não! Deus no-lo deu e ele será meu filho e meu herdeiro; quando eu morrer, sentar-se-á no trono e será coroado rei.Assim, pois, o burrinho foi criado. Conforme ia crescendo, cresciam-lhe, simultaneamente, as orelhas, compridas e direitas. Quanto ao mais, era de índole alegre; corria e brincava o dia todo e tinha uma especial inclinação para a música; tanto assim que procurou um músico famoso em todo o reino e disse-lhe:- Ensina-me a tua arte, quero aprender a tocar o alaúde tão bem como tu.- Ah, caro principezinho, - respondeu o músico, - ser-vos-á muito difícil tocar; vossos dedos não foram feitos para isso, são demasiadamente grossos, e temo que as cordas não resistam.Contudo, de nada serviram as desculpas; o burrinho encasquetou que devia aprender a tocar alaúde e o músico teve de ensinar-lhe. Ele aplicou-se com tanto empenho, que acabou por tocar tão bem ou melhor que o seu mestre.Um dia, o principezinho estava passeando, muito pensativo, pelo parque e chegou até onde jorrava uma límpida fonte; contemplou-se na água cristalina como espelho e viu refletir-se nela a imagem de um burrinho. Ficou tão amargurado com isso que resolveu sair e andar pelo mundo onde não fosse conhecido. Assim, acompanhado por um companheiro muito fiel, deixou o palácio e partiu.Perambularam os dois de um lado para outro, até que foram dar a um reino distante, governado por um velho rei, que tinha uma única filha, linda como um sonho. O burrinho, então, disse ao companheiro:- Vamos ficar por aqui!Chegou ao portão do castelo e bateu, gritando:- Está aqui um hóspede, abri, por favor, deixai-me entrar!Mas, como ninguém viesse abrir-lhe o portão, ele sentou-se, tomou o alaúde e, com as patas dianteiras, pôs-se a tocar. Tocava tão maravilhosamente, que o guardião do castelo arregalou os olhos de espanto e correu contar ao rei:- Majestade, está aí no portão um burrinho que toca alaúde tão bem como o melhor dos mestres.- Manda-o entrar! - disse o rei.Quando o burrinho chegou ao salão onde a corte estava reunida, todos desataram a rir vendo aquele estranho tocador de alaúde. Em seguida, mandaram que fosse jantar junto com os criados; mas ele protestou, dizendo:- Não sou um vulgar burrinho, nascido numa cocheira; sou de origem nobre.- Então, vai sentar-te com os soldados, - disseram-lhe.- Também não, - respondeu ele; - quero sentar- me ao lado do rei.- O velho rei achou divertida a sua pretensão e, rindo-se muito, disse-lhe:- Pois, burrinho, seja feita a tua vontade; vem cá para perto de mim.Durante a refeição, o rei perguntou-lhe:- Que tal achas a minha filha?O burrinho volveu a cabeça para o lado dela e, após contemplá-la um pouco, disse:- É tão linda, como nunca vi outra igual.- Bem, bem; - disse o rei divertido - vai sentar-te um pouco ao lado dela.- Com o maior prazer! - disse o burrinho.Sentou-se perto da princesa, comeu e bebeu delicadamente, comportando-se como verdadeiro fidalgo.O nobre animalzinho passou bastante tempo na corte mas, por fim, pensou consigo mesmo: "O que me adianta isto tudo? Acho bem melhor voltar para a casa de meus pais!"De cabeça tristemente curvada, foi apresentar-se ao rei a fim de se despedir. Mas o rei, que se afeiçoara muito a ele, disse-lhe:- Que tens, meu caro burrinho? Estás com uma cara tão azeda como o vinagre.- Quero ir-me embora; - respondeu ele.- Ah, fica aqui comigo; terás de mim tudo o queiras, não te vás. Queres algum ouro?- Não! - respondeu o burrinho sacudindo a cabeça.- Queres joias ou outros objetos preciosos?- Não!- Queres a metade do meu reino?- Ah!, não, não!O rei, meio desanimado, perguntou por fim:- Se ao menos eu soubesse o que te faria feliz! Queres casar com minha filha?- Ah, sim, sim! - exclamou jubiloso o burrinho. - Como seria feliz se ela fosse minha!E logo voltou ao seu costumeiro bom humor e alegria; pois era justamente isso o que ele mais desejava.Passados alguns dias, realizou-se no palácio a festa nupcial com a maior pompa deste mundo.A noite, depois da festa, quando os noivos se retiraram para o quarto, o rei ficou muito curioso por saber se o burrinho se comportaria com a gentileza de sempre; ordenou, pois, a um dos seus criados que se ocultasse no quarto para ver o que se passava.O burrinho, logo que entrou no quarto, aferrolhou bem a porta, inspecionou todos os cantos e, tendo-se certificado de que estava só com a noiva, sacudiu a pele de burro que o recobria todo, apresentando-se diante dela como um jovem belíssimo e de sangue real.- Olha quem sou eu! - disse ele. - Certamente não sou menos digno e nobre do que tu.A noiva, imensamente feliz, abraçou-o e beijou-o com grande ternura e passou a amá-lo ardentemente. Mas, assim que amanheceu, ele pulou da cama. vestiu novamente a pele de burro e ninguém podia imaginar quem se ocultava dentro dela.Pouco depois, chegou o rei.- Olá! - exclamou: - o burrinho já se levantou! - e dirigindo-se à filha: - Estás muito triste por não teres um homem como os demais por esposo?- Oh, não, meu querido pai! Amo meu esposo como se fosse o homem mais belo do mundo e hei de conservá-lo por toda a vida.O rei ficou grandemente admirado com essa resposta; mas o criado, que ficara escondido no quarto, contou- lhe tudo o que vira. O rei, porém, disse:- Nunca poderei acreditar numa coisa destas!- Pois, então, ficai vós mesmo de guarda no quarto nesta próxima noite; assim tereis ocasião de ver com vossos próprios olhos. E sabeis que mais, Majestade? Aconselho-vos a furtar a pele e jogá-la no fogo; assim ele será obrigado a apresentar-se sob seu verdadeiro aspecto.- É uma excelente ideia a tua! - disso o rei.Naquela noite, enquanto o casal eslava dormindo, o rei entrou furtivamente no quarto, aproximou-se pó ante pé do leito e, ã claridade do luar, conseguiu ver ali adormecido um esplêndido jovem. No chão, ao lado da cama, estava largada a horrível pele de burro. O rei apanhou-a, levou-a para fora, mandou acender um grande fogo e, em seguida, jogou-a no meio das chamas, ficando a olhar até que ela se consumiu toda, reduzindo-se a cinzas. Mas, curioso por saber qual seria a reação da vítima do roubo, ficou velando a noite inteira, com o ouvido colado à porta do quarto.Ao clarear do dia, tendo já dormido suficientemente, o rapaz levantou-se e procurou a pele para vestir e não a encontrou. Então ficou apavorado e disse, com voz repassada de tristeza e aflição:- Agora tenho que fugir daqui!Mas, quando ia saindo do quarto, encontrou-se diante do rei, o qual lhe disse:- Aonde vais com tanta pressa, meu filho? Que queres fazer? Fica aqui conosco; és um rapaz tão bonito! Agora não podes deixar-nos; vou dar-te a metade do meu reino e, após a minha morte, o herdarás todo.- Deus queira que tudo isto termine tão bem como começou! - respondeu o jovem: - Pois bem, ficarei convosco.O velho rei entregou-lhe a metade do reino e, passados seis meses, quando ele veio a falecer, o príncipe herdou tudo.Algum tempo depois, falecia-lhe, também, o pai, do qual era herdeiro único; assim ele ficou com mais um reino e viveu, magnificamente, durante muitos anos.Este episódio é-lhe oferecido por Podbean.com.
Wednesday Aug 14, 2024
Wednesday Aug 14, 2024
Houve, uma vez, uma mulher que tinha um filho, o qual desejava, imensamente, viajar e conhecer o mundo. A mãe, porém, disse-lhe:- Como podes viajar? Somos pobres e não temos dinheiro algum que possas levar.O filho insistiu, dizendo:- Eu me arrumarei. Vou dizendo sempre: "não muito, não muito, não muito."Assim, despedindo-se da mãe, foi-se embora, Perambulou durante algum tempo, dizendo sempre: "não muito, não muito, não muito."Um belo dia, encontrou um grupo de pescadores ocupados no trabalho. Aproximou-se deles para ver o que faziam e disse:- Deus vos ajude! não muito, não muito, não muito.- Por que dizes "não muito," seu patife?Os pescadores puxaram as redes neste instante e viram que nada tinham pescado. Então, furiosos, surraram valentemente o rapaz, ao mesmo tempo que diziam:- Nunca viste como se debulham espigas?- Que devo dizer então? - perguntou o coitado do rapaz.- Deves dizer: pega bastante pega bastante!Ele continuou a perambular mais algum tempo sempre repetindo: "pega bastante, pega bastante"; e assim aconteceu-lhe passar junto de uma forca, justamente no momento em que estavam enforcando um malfeitor. Parou para olhar e disse:- Bom dia! Pega bastante pega bastante!- O quê! por que dizes isso: "pega bastante pega bastante," seu malandro? Então já não chegam os patifes que existem no mundo; queres mais?E agarrando-o, deram-lhe uma tremenda surra.- Ai, ai! Que devo dizer então? - choramingou o pobre rapaz.- Deves dizer sempre: Deus tenha piedade de sua pobre alma!O rapaz prosseguiu o caminho e ia repetindo: "Deus tenha piedade de sua pobre alma, Deus tenha piedade de sua pobre alma!" e chegou a um valo onde um homem acabava de matar um cavalo. O rapaz ficou olhando e depois disse:- Bom dia! Deus tenha piedade de sua pobre alma! Deus tenha piedade de sua pobre alma!- Que é que estás dizendo aí seu maroto? - e, pegando no chicote, bateu-lhe tanto que o deixou cair atordoado no chão.- Mas que devo dizer então? - perguntou o infeliz.- Ora, deves dizer: tomara que caias num valo, carniça!Ele foi para diante; ia andando e repetia: "tomara que caias num valo, carniça!"Nisso passou um carro cheio de gente; olhando para ele, disse mui seriamente:- Bom dia. Tomara que caias num valo, carniça!E o carro, subitamente, caiu dentro de um valo fundo, com gente e tudo. Então o carroceiro pegou no chicote e espancou, impiedosamente, o pobre rapaz, até vê-lo escorrendo sangue e caído no chão.Em vista disso, o coitado não viu outra solução se não voltar para a casa de sua mãe. E, nunca mais, durante toda a sua vida, teve vontade de viajar.Este episódio é-lhe oferecido por Podbean.com.
Wednesday Aug 14, 2024
Wednesday Aug 14, 2024
Houve, uma vez, dois irmãos, um rico, chamado José e o outro pobre, chamado João. O rico não dava nada ao pobre; este vivia em grandes apuros, e procurava manter-se com a venda de cereais. Geralmente, porém, os negócios lhe corriam tão mal, que muitos dias não tinha sequer pão para a mulher e os filhos.Certo dia, quando atravessava a floresta na carroça, viu de repente uma grande montanha árida, sem nenhuma vegetação; como nunca a tivesse visto antes, deteve-se a contemplá-la, muito admirado. Estava ainda parado a olhar boquiaberto para ela e, de súbito, viu aproximarem- se doze homenzarrões de aspecto feroz; julgando tratar-se de bandidos, mais que depressa guiou a carroça para o meio do mato próximo para ocultá-la, depois trepou numa árvore e ficou aguardando os acontecimentos. Os doze homens, entretanto, haviam chegado diante da montanha e disseram:- Abre-te, Sésamo, abre-te!No mesmo instante aquela montanha árida e enorme abriu-se ao meio; e os doze homens precipitaram-se um após outro dentro da abertura. Depois a montanha tornou a fechar-se.Não demorou muito tempo e João viu a montanha abrir-se novamente e dela saírem os doze homens carregando pesados sacos às costas. Quando saíram todos, disseram:- Fecha-te, Sésamo, fecha-te!A montanha fechou-se tão bem, que não se lhe percebia a menor fresta; e os doze homens foram-se embora.Assim que desapareceram ao longe, João desceu da árvore, cheio de curiosidade, querendo saber qual mistério se ocultava naquelas entranhas.Tendo decorado as palavras que ouvira, colocou-se diante da montanha e disse:- Abre-te, Sésamo, abre-te!Coisa estranha; a montanha abriu-se, também, diante dele! Sem hesitar e sem sombra de medo, João entrou pela abertura e logo deparou com imensos tesouros lá ocultos. A montanha era toda uma caverna imensa, repleta de ouro e prata; nas partes laterais havia montões de pérolas e pedrarias faiscantes, amontoadas como grão de trigo.João quedou-se boquiaberto; não sabia o que devia fazer, se apanhar ou não um pouco daquela fabulosa riqueza. Por fim decidiu-se: apanhou quanto ouro podia carregar, mas sem tocar nus pérolas e pedras faiscantes Depois saiu e disse à montanha:- Fecha-te, Sésamo, fecha-te!A montanha fechou-se hermeticamente. João subiu na sua carroça e voltou, rapidamente, para casa.Agora não precisava mais preocupar-se com dificuldades; com aquele ouro podia comprar pão e, também, vinho para mulher e filhos. E ia vivendo honestamente, muito satisfeito, socorrendo os pobres e fazendo todo o bem que podia aos necessitados.Quando o dinheiro chegou ao fim, ele foi à casa de seu irmão José, pediu-lhe emprestado o alqueire e foi buscar mais ouro na montanha. Apanhou quanto coube no alqueire, mas não tocou nas pérolas e nas pedrarias.Este ouro também chegou ao fim e então, pela terceira vez, decidiu ir buscar mais. Tornou a pedir emprestado o alqueire de seu irmão, mas este, que já o vinha observando admirado, sentiu a inveja roer-lhe o coração ante a riqueza e o bem estar que agora desfrutava, não atinando de onde lhe pudesse advir aquela fortuna. Como não sabia o que o irmão ia fazer com o alqueire, premeditou astuciosamente uma cilada e besuntou o fundo da medida com pez.Quando o alqueire lhe foi restituído, no pez ficara grudada uma moeda de ouro. Dirigiu-se imediatamente à casa do irmão e perguntou-lhe:- Que é que mediste com o meu alqueire?- Trigo e cevada, - respondeu João.José, então, mostrou-lhe a moeda de ouro e ameaçou denunciá-lo à justiça se não contasse a verdade. João não teve outro recurso, se não revelar-lhe tudo o que acontecera.Cheio de ambição, José inundou imediatamente atrelar um carro e foi à floresta, decidido a aproveitar melhor a ocasião e trazer para casa tesouros bem maiores. Portanto, ao chegar diante da montanha, disse:- Abra-te, Sésamo, abre-te!A montanha abriu-se e ele precipitou-se dentro dela, desejando carregar o mais que pudesse. E aí tinha diante dos olhos aqueles imensos tesouros que o fascinavam; durante algum tempo ficou a olhar embasbacado, quase sem fôlego, sem saber o que apanhar primeiro. Finalmente, decidiu-se e apanhou tantas pedras preciosas que mal podia carregar. Em seguida, apressou-se em sair com a preciosa carga. Mas tendo coração e pensamento completamente fascinados pelos tesouros, não conseguiu mais lembrar o nome da montanha. E foi dizendo:- Montanha Simeli, abre-te! montanha Simeli, abre-te!Não sendo, porém, o nome certo, a montanha não obedeceu e manteve-se fechada. Ele, então, ficou apavorado; quanto mais pensava, mais se lhe baralhavam as ideias e nem todos os tesouros juntos podiam vir em seu auxílio.Assim chegou a noite; então a montanha abriu-se para dar entrada aos doze homens que, vendo-o ali, puseram-se a rir, dizendo:- Ah, seu malandro! até que enfim te pescamos. Julgas, talvez, que já não tínhamos notado que aqui estivestes três vezes. Não nos foi possível pegar-te antes, mas desta vez daqui não sairás mais.José, tremendo de medo, pôs-se a gritar:- Não fui eu, foi meu irmão!Mas gritou e implorou inutilmente. Aqueles homenzarrões não lhe deram atenção e deceparam-lhe a cabeça.Este episódio é-lhe oferecido por Podbean.com.