Wednesday Aug 14, 2024
A lua
Houve um certo país onde a noite era sempre escura e o céu estendia-se sobre ele como um manto negro, porque lá nunca surgia a lua, nem uma única estreia brilhava naquelas trevas. Quando da Creação, tinha bastado a luz noturna.
Um dia, quatro rapazes deixaram esse país para correr mundo e foram ter a um reino no qual, durante a noite, depois que o sol desaparecia atrás das montanhas, havia dependurada num carvalho uma enorme bola luminosa que espalhava luz suave por toda parte. Mesmo que não brilhasse tanto como o sol, contudo podia-se ver bem e discernir qualquer coisa.
Os viajantes detiveram-se e perguntaram a um camponesinho que ia passando na sua carroça, que luz era aquela.
- E' a lua! - respondeu o camponesinho, - o nosso alcaide comprou-a por três moedas e dependurou-a aí nesse carvalho. Ele tem que a limpar diariamente e deitar-lhe azeite para que a chama dê luz intensa. Por isso, todos lhe damos uma moeda por semana.
Quando o camponesinho se despediu e continuou o caminho, disse um dos quatro rapazes:
- Esta lâmpada bem que nos seria útil! Em nossa terra temos um carvalho grande como este, onde a poderíamos dependurar. Que alegria poder sair à noite, sem precisar andar às apalpadelas no escuro!
- Quereis saber uma coisa? - disse o segundo, - tratemos de arranjar um carro e os respectivos cavalos, e levemos a lua conosco. Aqui, podem muito bem comprar outra!
- Eu sou perito em trepar nas árvores, - disse o terceiro, - posso ir buscá-la e trazê-la para baixo.
O quarto rapaz conseguiu arranjar um carro com os cavalos. Então o terceiro trepou na árvore, passou uma corda em redor da lua e a trouxe para baixo. Depois de colocarem a bola luminosa dentro do carro, taparam-na muito bem com um toldo, a fim de que ninguém pudesse descobrir o furto. Fizeram a viagem com a maior felicidade e, quando chegaram à sua cidade, dependuraram a lua num alto carvalho.
Velhos e moços se rejubilaram quando a nova lâmpada clareou os campos, espalhando luz até dentro das casas. Os anões saiam das cavernas e, metidos em casaquinhos vermelhos, vinham dançar farândolas nos prados.
Os quatro companheiros abasteciam de azeite a lua, mantendo-a sempre limpa e, todas as semanas, recebiam uma moeda. Mas ficaram velhos; um deles veio a adoecer e, quando sentiu que o fim estava próximo, deu ordens para que enterrassem com ele uma quarta parte da lua, que era propriedade sua.
Assim que ele morreu, o alcaide trepou ao alto do carvalho e, com o tesourão de podar, cortou um quarto da lua, que foi colocada no caixão.
A luz da lua diminuiu apenas imperceptivelmente. Mais tarde, quando morreu o segundo companheiro, o alcaide subiu no carvalho e com o tesourão cortou outro quarto de lua, que também foi enterrado com o proprietário e, então, a luz diminuiu sensivelmente. Ainda mais fraca se tornou após a morte do terceiro, que também levou a sua parte; e quando foi enterrado o quarto, na cidade voltou a reinar a antiga escuridão. E a gente que saía de noite, andava aos encontrões e uns batiam as cabeças nos outros até quebrar.
Mas quando as quatro partes da lua se juntaram, reunindo-se novamente, no inferno, onde reinavam trevas permanentes, os defuntos se alvoroçaram despertando de sono eterno. E muito admirados ficaram por poderem enxergar novamente. A eles bastava-lhes a luz da lua, porque seus olhos se tinham de tal maneira enfraquecido que não suportariam mais o esplendor do sol.
Então ressurgiram alegremente e retomaram os antigos hábitos. Uns jogavam e dançavam, outros corriam para as tavernas e bebiam até embriagar-se, depois brigavam e altercavam e, por fim, saía pancadaria grossa. O barulho aumentava cada vez mais até que chegou a repercutir no céu.
São Pedro, o porteiro do céu, ouvindo aquilo, julgou que todo o inferno se havia amotinado; mais que depressa, convocou as falanges celestiais, dando-lhes ordem de exterminar o Inimigo, se acaso se atrevesse a vir com seus partidários assaltar a morada dos bem-aventurados. Vendo, porém, que ninguém aparecia, São Pedro montou a cavalo e pela porta lateral do paraíso desceu até ao inferno.
Uma vez lá, restabeleceu a ordem entre os mortos, mandou cada qual deitar no seu próprio jazigo e depois carregou a lua e dependurou-a na abóbada do céu.
Um dia, quatro rapazes deixaram esse país para correr mundo e foram ter a um reino no qual, durante a noite, depois que o sol desaparecia atrás das montanhas, havia dependurada num carvalho uma enorme bola luminosa que espalhava luz suave por toda parte. Mesmo que não brilhasse tanto como o sol, contudo podia-se ver bem e discernir qualquer coisa.
Os viajantes detiveram-se e perguntaram a um camponesinho que ia passando na sua carroça, que luz era aquela.
- E' a lua! - respondeu o camponesinho, - o nosso alcaide comprou-a por três moedas e dependurou-a aí nesse carvalho. Ele tem que a limpar diariamente e deitar-lhe azeite para que a chama dê luz intensa. Por isso, todos lhe damos uma moeda por semana.
Quando o camponesinho se despediu e continuou o caminho, disse um dos quatro rapazes:
- Esta lâmpada bem que nos seria útil! Em nossa terra temos um carvalho grande como este, onde a poderíamos dependurar. Que alegria poder sair à noite, sem precisar andar às apalpadelas no escuro!
- Quereis saber uma coisa? - disse o segundo, - tratemos de arranjar um carro e os respectivos cavalos, e levemos a lua conosco. Aqui, podem muito bem comprar outra!
- Eu sou perito em trepar nas árvores, - disse o terceiro, - posso ir buscá-la e trazê-la para baixo.
O quarto rapaz conseguiu arranjar um carro com os cavalos. Então o terceiro trepou na árvore, passou uma corda em redor da lua e a trouxe para baixo. Depois de colocarem a bola luminosa dentro do carro, taparam-na muito bem com um toldo, a fim de que ninguém pudesse descobrir o furto. Fizeram a viagem com a maior felicidade e, quando chegaram à sua cidade, dependuraram a lua num alto carvalho.
Velhos e moços se rejubilaram quando a nova lâmpada clareou os campos, espalhando luz até dentro das casas. Os anões saiam das cavernas e, metidos em casaquinhos vermelhos, vinham dançar farândolas nos prados.
Os quatro companheiros abasteciam de azeite a lua, mantendo-a sempre limpa e, todas as semanas, recebiam uma moeda. Mas ficaram velhos; um deles veio a adoecer e, quando sentiu que o fim estava próximo, deu ordens para que enterrassem com ele uma quarta parte da lua, que era propriedade sua.
Assim que ele morreu, o alcaide trepou ao alto do carvalho e, com o tesourão de podar, cortou um quarto da lua, que foi colocada no caixão.
A luz da lua diminuiu apenas imperceptivelmente. Mais tarde, quando morreu o segundo companheiro, o alcaide subiu no carvalho e com o tesourão cortou outro quarto de lua, que também foi enterrado com o proprietário e, então, a luz diminuiu sensivelmente. Ainda mais fraca se tornou após a morte do terceiro, que também levou a sua parte; e quando foi enterrado o quarto, na cidade voltou a reinar a antiga escuridão. E a gente que saía de noite, andava aos encontrões e uns batiam as cabeças nos outros até quebrar.
Mas quando as quatro partes da lua se juntaram, reunindo-se novamente, no inferno, onde reinavam trevas permanentes, os defuntos se alvoroçaram despertando de sono eterno. E muito admirados ficaram por poderem enxergar novamente. A eles bastava-lhes a luz da lua, porque seus olhos se tinham de tal maneira enfraquecido que não suportariam mais o esplendor do sol.
Então ressurgiram alegremente e retomaram os antigos hábitos. Uns jogavam e dançavam, outros corriam para as tavernas e bebiam até embriagar-se, depois brigavam e altercavam e, por fim, saía pancadaria grossa. O barulho aumentava cada vez mais até que chegou a repercutir no céu.
São Pedro, o porteiro do céu, ouvindo aquilo, julgou que todo o inferno se havia amotinado; mais que depressa, convocou as falanges celestiais, dando-lhes ordem de exterminar o Inimigo, se acaso se atrevesse a vir com seus partidários assaltar a morada dos bem-aventurados. Vendo, porém, que ninguém aparecia, São Pedro montou a cavalo e pela porta lateral do paraíso desceu até ao inferno.
Uma vez lá, restabeleceu a ordem entre os mortos, mandou cada qual deitar no seu próprio jazigo e depois carregou a lua e dependurou-a na abóbada do céu.
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